Na bioconstrução a escolha dos materiais é de fundamental importância para se determinar o ambiente interno e externo da casa que vamos habitar, sempre levando-se em consideração, prioritariamente, o conforto, a segurança e a praticidade do seu uso, conservação e manutenção.
Assim sendo, a utilização de alguns materiais industrializados são convenientes em determinadas circunstâncias: o tijolo de oito furos, os tubos e conexões de pvc, os fios de cobre, interruptores e tomadas, alem de algum revestimento cerâmico, pias e louças sanitárias, desde que na exata medida da necessidade, uma vez que ainda não temos substitutos mais sustentáveis. Mas mesmo esses, sempre que possível, também provenientes de demolições. uma vez que as pessoas as vezes descartam um vaso sanitário, por exemplo, apenas porque saiu de moda, mesmo estando em perfeitas condições de funcionamento.
O adobe e a taipa
A terra que sai do chão e sobe pelas paredes
Uma das paredes do quarto foi feita usando a tecnologia da antiga taipa, agora revisitada. Em vez da tradicional estrutura de paus roliços do mato e taquara rachada utilizamos vigotas e ripas de angelim que permitiram embutir previamente a tubulação elétrica e dando um acabamento mais homogêneo.
O seu preenchimento com uma massa de argila e areia numa proporção de 3:1, foi feito com o auxílio de tábuas para fechamento dos vãos entre uma ripa e outra. Depois de bem socada a mistura, as tábuas eram retiradas e subidas para moldarem uma nova fiada.
 |
Moldando a parede de Taipa |
Fabricando os adobes
Apesar de termos aproximadamente 2 mil adobes provenientes de demolições, eles eram insuficientes para o fechamento de todas as paredes de 3 mts. de altura da casa. Foram então fabricados mais mil adobes no próprio terreno. A mistura básica foi argila de subsolo, cascalho e água, amassada com os pés conforme manda a tradição.
 |
Amassando com os pés a massa do adobe |
A argila vermelha foi extraída no próprio terreno. À ela foi adicionado cascalho, abundante no cerrado, numa proporção de três carrinhos de terra para 1 carrinho de cascalho.
 |
Preparando a massa do adobe |
A mistura foi feita em um buraco de 2 mts de diâmetro por 50 cm de fundura no qual vai se adicionando água até obter uma massa homogênea, não muito seca para não esfarelar, nem muito molhada, que não se consiga moldar.
A forma de madeira do adobe é colocada no chão em um terreiro previamente limpo e nivelado, com golpes fortes ela é preenchida com a massa, compactada com as mãos. Depois de removido o excesso, a forma é retirada e colocada ao lado para a fabricação de mais 2 adobes.
 |
Os adobes sendo moldados no terreiro |
A forma que utilizamos possui encaixes tipo macho e fêmea para intertravamento, conferindo maior resistência à parede.
e facilitando o assentamento.
 |
Forma de Adobe intertravado |
 |
Forma para adobinho
|
 |
Adobes secando ao sol e ao vento |
Decorridos três dias de sua fabricação os adobes devem ser virados para que se produza uma secagem homogênea. Apos dez dias eles podem ser empilhados, sempre abrigados da chuva.
As madeiras
As madeiras de lei foram lixadas para remoção das partes brancas, deterioradas por fungos e cupins, em seguida aplicamos um cupincida para que seu cerne fosse preservado. Além dessas madeiras de lei também obtivemos uma razoável quantidade de postes e vigas de eucalipto reaproveitados a partir de restos de uma obra de linha de transmissão que passou pela região. Nestas madeiras foi aplicada, além do cupincida, uma solução de óleo diesel misturado em 50% de óleo automotivo descartado ( o óleo queimado). Para obtermos o comprimento necessário ao projeto foram feitas emendas tipo meia-madeira aparafusadas com parafusos franceses e reforçadas com chapas de ferro.
Os caibros, de ceção de formato triangular, foram obtidos a partir de postes de eucaliptos de diâmetro de 15 cm rachados na motosserra em 4 partes.
As telhas
Uma a uma, as quase 5 mil telhas foram separadas por modelo e tamanho e classificadas entre capas e canais.
 |
Telas sendo separadas e classificadas |
Depois foram lavadas e impermeabilizadas com uma solução de resina acrílica à base d´água.
Nenhum comentário:
Postar um comentário