A casa orgânica

Organismos vivos respiram, interagem física e energeticamente com o ambiente, são naturais enquanto produtos gerados a partir da própria natureza, dela não se apartam, não a agridem e ainda colaboram para a coexistência compartilhada em equilíbrio com as demais espécies.
Mas como aplicar conceitos tão simples e fundamentais ao construir uma moradia?
Fazendo escolhas conscientes, tanto quanto possível!
Ao longo das ultimas décadas a arquitetura e a engenharia vem incorporando novos materiais, ingredientes e procedimentos ao processo construtivo muito mais ao sabor do lucro de grandes empresas do setor da construção civil do que ao sabor do bem estar das pessoas que vão usufruir das edificações e instalações, sem levarem em consideração o impacto ambiental causado no ser humano e, por conseguinte, na natureza. 
Assistimos, como nas demais áreas do conhecimento, a um acelerado processo de desumanização das coisas e consequentemente, de nossa existência. 
As tecnologias se renovam e se sucedem de maneira cada vez mais acelerada e alienada, num ritmo frenético que visa principalmente subjugar nossa capacidade crítica de exercermos escolhas conscientes no que diz respeito ao que, como e porque consumimos determinados produtos em detrimento de outros. 
Do dia para a noite se estabelecem novos padrões. Hoje a moda é o uso intensivo de esquadrias de alumínio, vidros blindados, porcelanatos, grafiatos e, claro, muito ferro e concreto aparente, isso sem se falar nos acabamentos cada vez mais acrílicos, sintéticos e reluzentes. 
Sem sombra de dúvida essa é uma combinação explosiva em termos da exploração intensiva de recursos naturais não renováveis e dos consequentes impactos ambientais avassaladores, principalmente no que tange ao consumo de água e de energia necessário para serem produzidos e aos dejetos que geram. 

Simetria, homogeneização e padronização

Ao longo de séculos de colonização nossos padrões de estética e beleza foram sendo moldados sutilmente em função de necessidades e comodidades intrínsecas de outros povos, de outras culturas, de outros biomas e de outras economias, estranhas à nossa. Sofremos as consequências "naturais" e inexoráveis do processo de dominação do mais forte,  do mais "experto", do mais "civilizado" e do mais "tecnológico" sobre o mais "fraco", mais "simples" e espontâneo. Talvez, devido a isso, o preço mais alto que pagamos possa ser medido ao avaliarmos o pouco apreço por nossa diversidade e criatividade tão subjugadas. 

No entanto, se as levarmos em consideração o que se refere à nossa exuberante e rica natureza, à nossa cultura miscigenada e miscigenante de pelo menos três matrizes étnicas veremos que não há, objetivamente, porque continuarmos a submeter nossos padrões, pois, como dizia Darci Ribeiro, "precisamos inventar o Brasil que queremos".  Ou seja, para encontrar o novo precisamos desconfiar do óbvio que o mercado nos oferece. Precisamos questionar a simetria das formas que criamos (ou copiamos?) a homogenização dos materiais e dos ingredientes que utilizamos e a padronização de nossas noções de estética e de beleza. 

Na arquitetura talvez o arquiteto José Zanine Caldas tenha sido o que mais conseguiu se aproximar dessa necessária e urgente revisão, integrando visceralmente seus projetos à natureza.


Projeto e execução Zanini Caldas


Projeto e execução Zanini Caldas


Projeto e execução Zanini Caldas

Nosso desafio na Alpendre Bioconstrução é de criar casas orgânicas a partir de materiais, formas e processos que aconcheguem e surpreendam, tornando a casa um organismo vivo, interativo com as pessoas e o ambiente. 

Alpendre: entrada da casa






Vista lateral com o alpendre


Varanda lateral


Área de convívio



Cozinha caipira


Cozinha caipira e varanda lateral

Portal de entrada da sala de estar



Cozinha interna vista da sala

Sala de estar

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